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Ricardo Lodi anuncia que deixará o cargo de reitor da UERJ para ampliar luta por políticas educacionais no país
À Comunidade da Uerj,
Tenho muito orgulho de servir à Uerj e à população fluminense como reitor da Universidade mais popular e democrática do Brasil. Nesses dois anos e três meses de gestão, enfrentamos muitos desafios. Era preciso levantar a Universidade que ainda tentava se recuperar do colapso financeiro do período entre 2016 e 2018. E tivemos que enfrentar o maior drama das nossas gerações, com a pandemia da Covid-19 e toda a crise das finanças do Estado do Rio de Janeiro dela decorrente.
Apesar de todas as dificuldades, a Uerj protegeu a sua comunidade e cumpriu o seu papel na pandemia, não apenas por meio do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), que foi referência no estado no tratamento da Covid, bem como das suas sequelas, mas também da Policlínica Piquet Carneiro (PPC), a maior testadora da doença em todo o Brasil. Implementamos ainda o Posto de Vacinação do Maracanã, que já imunizou mais de 85 mil pessoas, trazendo esperança e possibilidade da volta ao convívio social. A despeito desses três registros, vale destacar que toda a Universidade, em todos os seus componentes organizacionais, se mobilizou na defesa da população fluminense contra a pandemia, seja na produção de equipamentos de proteção individual e álcool em gel, seja nas pesquisas científicas relacionadas com o controle e acompanhamento da pandemia.
E junto com a pandemia veio a necessidade de nos reinventarmos, com a passagem do ensino presencial para o remoto emergencial. Essa movimentação, em uma universidade tão popular e inclusiva como a nossa, não seria possível sem um ambicioso Plano de Inclusão Digital. E fizemos o maior dentre todas as universidades do Brasil, com a distribuição de 10 mil tablets e 12 mil pacotes de dados para os alunos cotistas e em vulnerabilidade social, além do pagamento de auxílio emergencial.
No entanto, esse esforço, embora gigantesco no contexto de contingenciamento orçamentário, ainda não era suficiente para enfrentar todos os problemas que nossos alunos vivenciaram na pandemia. Era preciso buscar os recursos que a Constituição Federal destinava à educação e que nunca chegaram. Fomos exitosos nesta luta e pudemos, em meados de 2021, dar início à chamada Pequena Revolução da Uerj, onde o primeiro desafio foi ampliar os recursos e prestações destinados à permanência estudantil. Com inversão de prioridades, aumentamos a dotação anual a ela dedicada de R$ 36 milhões para R$ 171 milhões, quase quintuplicando o valor. Com isso, além do aumento da bolsa-permanência e sua extensão aos não cotistas em vulnerabilidade social, inclusive do mestrado e doutorado, criamos inúmeros e extensos auxílios para os alunos, como creche, alimentação, transporte, material didático, uniforme e moradia. Instituímos também, o transporte intercampi a ser brevemente implementado, unindo fisicamente os nossos campi e unidades externas espalhados por todo o território do estado.
Investimos em ensino, pesquisa e extensão, com a duplicação do número de bolsas do Prociência, para fomentar a pesquisa científica. Criamos, o Prodocência, reconhecendo o esforço dos que se dedicam ao ensino de graduação. E ainda o Proextensão, estimulando nossa relação com as comunidades. Para os técnicos, criamos o Protec, premiando as suas contribuições na melhoria dos nossos serviços e implementamos o Prêmio Anísio Teixeira.
Destravamos promoções, progressões, nomeações e concursos de docentes e técnicos. Garantimos o pagamento da dedicação exclusiva na aposentadoria. Defendemos tese inovadora, para permitir a contagem e todo o tempo, relativo ao período do Regime de Recuperação Fiscal, para fins de triênios e licenças-prêmio. Encaminhamos ao governador um novo Plano de Cargos e Salários para os técnicos-administrativos, obtendo a promessa de empenho sobre a questão por ocasião já da próxima revisão do plano de recuperação fiscal. Ainda para docentes e técnicos, criamos os auxílios tecnológicos, aumentamos o auxílio-alimentação e o auxílio-creche e criamos o auxílio-transporte, o auxílio-saúde e o auxílio-educação.
Retomamos os nossos projetos de expansão da Uerj no estado, com a aquisição do Campus Cabo Frio, do Campus Vaz Lobo e com a histórica incorporação da Uezo, do Campus Zona Oeste. Criamos a Universidade do Mar, na Baía de Guanabara, e o Centro Cultural da Democracia, no Casarão do Catete. Demos uma nova e adequada sede ao CAp-Uerj, implementando a merenda escolar na escola. Instalamos os Polos de Extensão e Cultura em Magé, Paty do Alferes, Barra Mansa, Valença, Resende, Madureira, Cabo Frio, Três Rios, Itaguaí e Niterói. Em breve outros polos virão, levando pré-vestibular social, bem como projetos de esporte e cultura para a população mais carente do nosso estado.
Apesar da vedação de obras em quase todo o período da gestão, nesse final conseguimos disponibilizar recursos para a reforma das unidades acadêmica e para os laboratórios de pesquisa. Estamos descentralizando a realização de pequenas obras, inclusive com a nova regulamentação do chamado Sides Engenharia.
Nos tornamos a maior agência de políticas públicas do estado do Rio de Janeiro, participando de dezenas de projetos de ensino, pesquisa, extensão e inovação importantes do Governo do Estado, como o Observatório do Segurança Presente, Rio + Alfabetizado, Na Régua, Laboratório de Estudos Socioeducativos, Mulheres Apoiando a Educação, Rio Sem Homofobia, Revisa Rio, e muitos outros.
A despeito de todas essas conquistas, a mais importante de todas foi a mudança na imagem da instituição perante a população, movimentos sociais, governos, parlamentos e a opinião pública. Se já tínhamos orgulho de ser Uerj, hoje o Rio de Janeiro tem o orgulho de ter a Uerj, que, cada vez mais, modifica o território e muda a vida das pessoas por onde passa.
Porém, apesar dessa volta por cima da Uerj, o quadro da educação no Brasil, infelizmente, vai em sentido contrário, exigindo a mobilização de todos nós, para que as nossas conquistas não sejam passageiras. É preciso institucionalizar as conquistas da Uerj e levá-las a todas as universidades e escolas do Brasil, para fazer da educação, da ciência e tecnologia e da saúde pública prioridades do governo do nosso país.
Por isso, e sabendo que a Uerj não se salvará sozinha diante de um colapso generalizado da educação e do serviço público em nosso país, venho pedir a compreensão dos mais de 12 mil professores, estudantes e técnicos que votaram em Orgulho de Ser Uerj, para me afastar da Reitoria atendendo ao chamado dos que se mobilizam para restaurar a democracia em nosso país, colocando a nossa causa no centro do debate nacional, e não mais apenas estadual.
Temos a certeza de que a trajetória vitoriosa de Orgulho de Ser Uerj vai prosseguir e se aprofundar sobre a liderança do meu companheiro Mario Carneiro e de toda a equipe que, juntos, montamos, e que é responsável pela pequena revolução da Uerj. Em pouco mais de dois anos, temos a consciência de que cumprimos praticamente todos os compromissos quadrienais de campanha e de que vamos continuar fazendo muito mais pela Uerj, consolidando, institucionalizando e ampliando nossas conquistas.
Embora a minha trincheira passe a ser outra, os compromissos com a Uerj e bem como com a educação pública, gratuita, referenciada socialmente, laica, civil e de excelência, continuarão inabaláveis e ganharão mais força em outros cenários.
Para tanto, quero agradecer a todos os professores, estudantes, técnicos e colaboradores por todo o esforço empreendido nesse período tão difícil de nossas vidas. Mas o esforço valeu a pena, pois temos hoje uma Universidade maior, melhor e mais inclusiva. E muito mais virá!!! Agradeço também ao Governo do Estado e à Assembleia Legislativa pela confiança depositada em nossa instituição, na certeza de que o diálogo institucional, mesmo entre os que pensam diferente, é a chave democrática do desenvolvimento econômico, social, cultural e tecnológico, missão precípua na universidade pública.
Esses pouco mais de dois anos são a prova viva de que, nos momentos mais difíceis, encontramos os caminhos que nos levam a avançar como nunca havia sido feito.
Até sempre!!!
Uerj, em 30 de março de 2022.
RICARDO LODI RIBEIRO
Reitor